quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Médico trata de pessoas abduzidas


Fonte : Revista Galileu

Ele cuida de pessoas que dizem que foram abduzidas; e acredita nelas.

Mariana Viktor



Por que você foi parar nessa área?Desde os 14 ou 15 anos me interesso por ufologia, por causa de um professor que falava muito disso em aula. À época, ele tinha um programa de TV chamado “Inteligência” onde ele apresentava o tema e despertou o meu interesse.

Dentro da fenomenologia ufológica há o contatado – o indivíduo que teve contato com os ETs – ou o indivíduo que foi abduzido, ou seja, que contra a sua vontade é levado por um óvni. A ufologia inclui um desmembramento grande: há o avistamento, há os que dizem que têm contato com óvnis ou com seres extraterrestres e tem os que se dizem raptados por esses seres.

A grande diferença é que o contatado manteria um contato telepático ou algo assim brando, enquanto o abduzido é levado contra a sua vontade. Daí a nossa pesquisa, dentro da área do comportamento humano, sobre o que é verdade e o que é imaginação. Até a ufologia, a meu ver, é o estudo do comportamento humano frente a um fenômeno desconhecido. Assim como há as distorções das religiões – tem gente que diz que fala com Jesus e com santos – também há quem converse com ETs. É verdade ou mentira? Então, dentro da ufologia – que busca seguir uma linha mais científica – vamos ter a investigação daquela ocorrência que a pessoa está contando e ver se é real ou é fruto da imaginação ou uma forma de ela chamar atenção.

Quem costuma dedicar-se a esse campo de estudo no Brasil?Temos os grupos ufológicos, a revista UFO – que é a publicação especializada no assunto há mais de 30 anos...

Existe um grupo de médicos estudando o comportamento humano diante disso?Não. Há médicos dentro dessas agremiações que se interessam e que eu conheço e há os mais ou menos especializados nas pesquisas desses fenômenos.

Quantos médicos se interessam por isso no Brasil?Há vários. Mas há o médico que é crédulo – e sua investigação é complicada nesse sentido, porque sua fé acaba interferindo e fica colocada na frente da ciência. O resultado são médicos falando besteiras sobre Zé Arigó etc. Ou seja, é preciso ter um conhecimento e uma vivência para você poder entender e conhecer mais a fundo esse tipo de fenômeno.

Quantas pessoas com esse tipo de problema você atendeu?
Eu sou consultor da revista UFO e sou um dos únicos médicos da UFO, e então eu tive a oportunidade de atender um guarda noturno, por exemplo, que foi encontrado desmaiado depois de dar alguns tiros com seu revólver. Pensaram que ele tinha sido assaltado ou coisa assim. Ele disse, porém, que viu uma luz de um objeto muito luminoso que direcionou a luz para ele, ele se apavorou e, depois de atirar, ele desmaiou. Ele contou que foi levado para uma sala onde havia seres de olhos e cabeças grandes e onde ele foi examinado numa espécie de consultório. Há casos em que o indivíduo apresenta marcas, lesões, eczemas e equimoses que ele não teria como produzir por si, pelo tipo de lesão. O sujeito fica, por exemplo, com as costas cheias de marquinhas roxas, como se tivesse recebido uma série de ventosas ali.

Esse caso do guarda noturno foi em São Paulo?Não, esse foi um caso conhecido e aconteceu em Rondonópolis. Há casos e casos. Quando há uma história corroborada – essa é uma das investigações da ufologia – por várias testemunhas, ela terá um grau de credibilidade maior que aquele que só o indivíduo é testemunha. Esse caso em si apareceu em todos os jornais da época – acho que foi na década de 1980 – e a investigação gira em torno de saber se mais gente viu e em avaliar psiquiatricamente o indivíduo para saber se ele toma drogas, se estava alcoolizado. É uma triagem.

Quantos casos você atendeu até hoje?Uns 40 ou 50 casos como médico.

Desses 50 casos, quantos você teve grandes evidências de que se tratava de um contato real com ETs?Toda evidência ufológica é falsa em 99% dos casos. A ufologia mundial considera em torno de 1% das fotografias, observações etc. reais. O resto é erro de interpretação, psicose, angústias e muitas vezes as chamadas falsas memórias, que é muito comum em medicina. A pessoa tem a maior certeza de que aquilo aconteceu e na realidade não aconteceu nada.

E o que seria isso? Um estado de sono, de sonho?São estados psicóticos. É o que acontece com muitos pacientes que me procuram alegando contatos e que os seres falam com eles, eles têm implantes no corpo – e na realidade não existe nada. É uma ilusão da pessoa, algo que não é real e que a pessoa simula – é uma psicose.
Nós já pegamos alguns casos – eu participei até como repórter na Manchete Documenta, SBT Repórter e até a Globo já pagou para nós, porque o grande problema no Brasil é custo. Uma tomografia custa quase mil reais. Para você investigar, falta dinheiro. A Globo já chegou a pagar, foi o Caco Barcelos que falou com a gente, para ver se era verdade ou não. O caso mais famoso que tivemos foi a Operação Prato – que é um dos casos mais bem-documentados, onde, em Belém do Pará, as pessoas estavam tendo uma série de observações e dentre elas o prefeito entrou em contato com a Aeronáutica para investigar. As pessoas viam luzes muito fortes, que jogavam um raio de luz verde no peito das pessoas, ficava uma marca e a pessoa passava a apresentar sintomas de anemia, fraqueza, desânimo, angústia etc. E o pessoal da ufologia – a Comissão Brasileira de Ufologia – tem um processo contra o governo federal porque ele tem sonegado informações sobre esses eventos. E a Operação Prato é uma delas – todas as conclusões estão sob o manto do sigilo. Tem muita coisa oculta nisso, e ocorreu faz uns 15 ou 20 anos. Essas coisas tem na internet (www.ufo.com.br e o meu grupo: www.infa.com.br e também tem o www.tvinfa.com.br, que tem uma série de matérias que oferece uma bela idéia, com casos completos etc.).

Você já atendeu uma pessoa que teve contato real com óvnis?Alguns casos, como esse de Rondonópolis e outro de Botucatu – que também foi muito comentado na época e que eu atendi a pessoa. Esse caso envolveu um vigia da Santa Casa de Botucatu e numa noite ele sentiu dor de cabeça, saiu de casa de madrugada para ir à farmácia e viu uma luz e sumiu. Quando voltou, veio pelado, com um óleo no corpo e marcas no peito semelhantes a hematomas e contou que foi levado para dentro de um UFO e chegou a ter uma relação sexual com uma mulher. A mulher, segundo ele, era normal, da Terra. O interessante nesse evento é que o vigia era muito humilde e chamava atenção a vergonha dele ao contar o ocorrido, porque ele é casado, tem filho. Como ele vai contar que foi levado por não sei quem pra não sei onde e transou com uma mulher? Teoricamente, ele ficou algumas horas sumido durante a madrugada – ele reapareceu por volta das 4 ou 5 da manhã. Ele chegou a ir na delegacia dar queixa – imagina a gozação! Na época eu fazia medicina em Botucatu e tive a oportunidade de ser um dos primeiros a falar com ele e ter uma idéia do que poderia ter acontecido.

Você chegou a tratá-lo? O que você sentiu dele?
Sim, porque nos casos verídicos a pessoa fica com angústia, diarréia, insônia terrível, pode apresentar até um quadro de Síndrome do Pânico – porque ela foi atacada, é como uma pessoa que sofre um seqüestro-relâmpago, um estresse pós-traumático – e nós temos uma forma de tratar disso dentro do quadro psiquiátrico que ela apresenta.

Como você tratou esse caso?O caso foi para a TV, no Programa Flávio Cavalcanti, foi parar no “Notícias Populares”, com a manchete “Homem foi estuprado por ET”. Hoje melhorou a abordagem – hoje é normal você falar “eu faço reiki” – mas alguns anos atrás você seria considerada maluca. Imagine quem acreditava em disco-voador 30 anos atrás.
Esse caso eu acompanhei por uns 3 ou 4 anos. E o pior é que o camarada não era nada, era um anônimo, um porteiro de Santa Casa do interior, e de repente vira uma celebridade, assediado por jornalistas do mundo inteiro, vai pra TV, pro Flávio Cavalcanti, conhece personalidades, foi até para o exterior – é um Big Brother gigantesco. Imagina o dano psicológico que isso causa. E o que acontece depois de um tempo? A novidade passa... e ele volta a ser nada. E em ufologia é muito comum as pessoas que tiveram um primeiro evento real passarem a inventar histórias depois para manter a fama. “Ah, aconteceu de novo”. Aí a pessoa frauda marcas no corpo, a segunda história não tem a consistência da primeira. É a chamada ”síndrome do contatado”. E acontece na grande maioria dos casos – e com esse cara não foi diferente. Ele tinha no peito uma marca diferente. Eu presenciei pessoas falando assim: “Seu João, deixa eu ver a marca. Ele abria a camisa, a pessoa tocava a marca e se benzia”. O cara não era nada e virou um santo.

Como é o tratamento num caso desses?Primeiro o ajudamos a diminuir a ansiedade, ajudá-lo a dormir novamente, a reduzir o quadro de pânico. Como em qualquer caso de estresse pós-traumático, ele vai melhorando e se encaixando novamente à sua rotina normal. É como uma mulher que é estuprada e tem um tratamento, um acompanhamento psiquiátrico – a situação dela é melhor que a da coitadinha que é estuprada e não pode nem falar pra ninguém. A tal mulher teve relações com ele e depois eles o mandaram de volta. E foi um caso importante porque a árvore ao lado da qual ele foi deixado tinha todo um lado da copa queimado – havia uma série de evidências físicas que chamavam muita atenção e dão veracidade ao caso.

Ele lembra da abdução ou desmaiou?
Ele lembra que foi levado, descreve o local, a mulher, que ela estava nua e que, quando ela aproximou a mão da cabeça dele, ele apagou e não lembra de mais nada. Ele não lembra nem do ato sexual. Interessante é que o FBI investigou vários casos de abdução nos EUA e descobriu que não houve abdução. As mulheres eram estupradas pelo pai, pelo primo, pelo tio e a mente apagou essa memória e coloca um ET no lugar. É uma forma de proteção que a mente tem. É bastante comum a mulher estuprada bloquear a lembrança da cara, do jeito da pessoa... ela apaga para se proteger do evento.

Esse caso do vigia foi real?Sim, com certeza. Até porque em ufologia, um dos princípios é evitar ao máximo dar qualquer informação para a pessoa, porque ela pode usar a informação pra “enriquecer” seu relato e não se quer isso. Se você disser “o ser tinha cabeça grande?”, a pessoa tende a responder “isso!” É preciso um preparo para ver o que perguntar e como. Hoje todo mundo sabe o que é um ET – todos conhecem a história do ET de Varginha. Eu falo até sobre a hipnose numa matéria que você vai ler: a veracidade do relato sob hipnose é relativa, porque se você tiver um sonho muito vívido, sob hipnose você dirá que o sonho aconteceu de verdade. A hipnose é uma forma de sugestibilidade – não é porque a pessoa está hipnotizada que tudo que ela fala é real. Um psicótico que acredita que um ET o persegue vai confirmar isso sob hipnose. Por isso a hipnose não é usada como uma forma de o assassino confessar, por exemplo. Tem um caso famoso de um negro casado com uma branca nos EUA e eles tiveram um lapso de memória de mais de 10 horas e são levados a um médico hipnólogo e o cara tira toda uma história pela hipnose do que aconteceu, mas isso não significa que é verdade.

Qual o caso mais recente que você tratou e que tem grandes chances de ser real?Na ufologia, você nunca sabe se aquilo é real ou não. Ainda mais com a divisão entre uma ufologia mais científica, mais pé no chão, e a chamada ufologia mística, que se reúnem e psicografam e falam com os seres de Alfa-Centauri e até com o famoso Comandante Ashtar Sheran, que estaria aqui para nos ajudar – e é incrível como o visual do Comandante lembra Jesus Cristo. Os mitos se modernizam. Ninguém mais se considera Napoleão, mas figuras modernas. E os seres dizem coisas pra pessoa, ela é especial, diferenciada.

Qual o caso mais legal que você atendeu, descontando o fato de ser verdade ou não?Esse caso de Botucatu foi muito interessante, o caso de Rondonópolis – o camarada ficou alterado de tal forma que deu o nome do filho de “Óvnis Homis Terráquios”. Temos até uma cópia da certidão de nascimento. Pra você ver onde chega a loucura das pessoas.

Quando você percebe que é um caso de psicose, você consegue trazer de volta um pouco da sanidade da pessoa?
Se a pessoa segue o tratamento – é o caso do psicótico que ouve vozes, se sente perseguido, depressivo e tem grandes alterações de humor – a gente consegue ajudar muito a pessoa, dependendo do contexto. O problema é que muitas dessas pessoas freqüentam ambientes onde essa psicose é alimentada. É como a história do evangélico fanático: a congregação estimula sempre mais o fanatismo, precisa pagar o dízimo e não pode se afastar da igreja senão os demônios vão pegá-lo. É muito importante a participação da família, dos amigos. Costumam ser pessoas separadas, com distúrbios familiares – e que precisam de uma fuga da própria realidade.

E esse caso de Rondonópolis – o que aconteceu?
Essa pessoa, depois de ter visto essa luz, foi divulgado no jornal que ele teve duas paradas cardíacas e foi para o hospital. O irmão dele morava em SP, contatamos o irmão e eu comecei a tratar o cara – e nós constatamos que ele nunca teve parada cardíaca. Consegui na Santa Casa que ele fizesse tomografia para ver se teve alguma alteração neurológica, algum tumor... e não tinha nada. Ele disse que tinha uma insensibilidade, que podia furar o corpo, ser queimado com cigarro e falava isso para os jornalistas e eles diziam: “ah, então eu posso encostar o cigarro no teu peito?”... e ele dizia que sim, e tinha várias marcas de queimaduras e dizia que as pessoas podiam fazer que ele não sentia nada. Olha o perigo disso: enfiar uma agulha na barriga e ter uma peritonite, pela ignorância dos dois lados. É claro que ele sentia, mas a dor é relativa, é psicológica: tem gente que se arranha e morre de dor e outro que tem a coluna toda torta e não tem dor alguma. É o psicossomático. Qual a maior dor? Depende da pessoa, do momento, da fase da vida...

Os ETs somos nós?
O estudo da ufologia direciona a pesquisa para o próprio eu. Todo mundo gosta de ser o escolhido, aquele que viu, o especial. Eu já vi pesquisador botando um monte de besteira na cabeça da pessoa e o camarada aceitando e adorando aquilo. Um advogado, um economista, um contador vai a um congresso de ufologia para apresentar um caso que ele pesquisou – e daí ele ganha fama e usa a ufologia pra ganhar a condição de especialista em algo que é a única coisa que sobrou pra ele.

Esse 1% de contatos reais... qual seria a razão? Já se sabe algo sobre?
É a grande pergunta. Quem são? De onde vêm? O que querem? Jacobs diz que eles fazem experiências e nós somos ratos de laboratório deles. Outros dizem que somos um estágio anterior à evolução deles – seus irmãos menores. Também a idéia de que os grandes governos – EUA, Rússia... – teriam conhecimento disso e acobertariam as informações.

Onde ocorre a maior incidência de casos no mundo?
O fenômeno é mundial e atemporal, desde que a humanidade é humanidade. Na Inglaterra tem aquela história dos círculos nas plantações

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