quarta-feira, 26 de março de 2008

Manobras de acobertamento .



O acobertamento oficial para o fenômeno UFO já foi alvo de dezenas de explanações, nos quais foram detectadas todas as possíveis causas de sua existência. E tudo indica que há um fator unânime na questão: os Estados Unidos parecem ser os responsáveis pela política adotada oficialmente para lidar com a questão UFO em todo planeta. A casuística ufológica brasileira possui fortes evidências de que os americanos já foram e são acionados pelo governo brasileiro, independente de qual partido e facção esteja no poder, para se envolver direta ou indiretamente. De fato, os americanos sempre mantiveram sua relação com nossos militares e os resultados de suas diligências conjuntas sempre foram mantidos no mais absoluto sigilo. Um bom exemplo é O Caso Varginha.
No entanto devemos nos perguntar e convidar nossas principais autoridades a se perguntarem: essa política ainda é válida de acordo com a atual realidade de nosso país? Para entendermos um pouco sobre a política de acobertamento ufológico, é necessário que entendamos como o governo norte-americano tem se comportado diante do fenômeno UFO. Afinal, parece que os Estados Unidos tem determinado o tom da orquestração mundial sobre essa questão, tal como o faz em muitos outros aspectos.
A partir de 1947, os Serviços Militares de Informação já investigavam discretamente o fenômeno UFO. No último período daquele ano, criou-se a primeira comissão de pesquisa destinada a estudá-lo. Publicamente, quando a imprensa ainda utilizava o termo "disco voador", a principal teoria difundida era de que aqueles estranhos aparelhos poderiam ser armas secretas soviéticas. No entanto, com vários incidentes, como o de Roswell, a cúpula do poder norte-americano sabia muito bem da possível natureza extraterrestre do fenômeno. A hipótese extraterrestre era um incômodo para as autoridades, e era difundida por muitos ufólogos da época, entre eles o major Donald Keyhoe, que promoveu grande polêmica sobre o tema ao publicar seu histórico artigo "Os Discos Voadores São Reais", na revista True, em janeiro de 1950.
Naquele mesmo ano, o livro de Frank Scully assegurava que as autoridades americanas tinham em seu poder três discos voadores, os quais haviam se acidentados (um no Arizona e dois no Novo México) – fato que "incendiou" de vez a opinião pública para a "hipótese extraterrestre". Antes dessa data, mais precisamente em 1948, o projeto Sign já tinha levado ao conhecimento do Pentágono um volumoso relatório chamado "Estimativa da Situação", no qual se chegava à conclusão de que os UFOs eram reais e de origem extraterrena. Mas isso jamais foi admitido pelas autoridades. Apenas duas cópias foram salvas e classificadas como TOP SECRET.
O PROJETO SIGN
O Secretário de Estado James Forrestal, em 30 de setembro de 1947, diante dos incontáveis relatos envolvendo a presença de UFOs no céu americano, firmou a ordem de constituição de uma Comissão de Pesquisa, que ficou designada como Projeto Sign (Sinal). Começava uma longa etapa que não deveria terminar até 1969, com o Relatório Condon, que sepultaria publicamente o assunto UFO nas esferas oficiais – obviamente que a nível secreto a coisa deveria ser bem diferente. Vale lembrar que, em 1947, os americanos já tinham colocado suas mãos em pelo menos um UFO, com o famoso incidente ocorrido em Roswell.
Daquele primeiro projeto surgiram conclusões que, em julho de 1948, se traduziram num relatório, chamado de "Estimativa da Situação", elevado ao Pentágono sob a indicação de "TOP SECRET", no qual se chegava à conclusão que os UFOs não só eram reais, como possivelmente naves interplanetárias. Este relatório foi rejeitado pelo general Hoyt S. Vandenberg, que era o então chefe do Estado-Maior da USAF. Vandenberg ordenou destruir todas suas cópias. Só uma ou duas cópias se salvaram, porém foram classificadas como TOP SECRET. Nascia ali o primeiro esboço da política de acobertamento ufológico, que foi ganhando corpo através dos anos e hoje está espalhada por nações do mundo inteiro, ou pelo menos onde os EUA têm seus tentáculos.
Assim podemos dizer que o General Vandenberg foi um dos primeiros ocultadores do fenômeno UFO. Mas, na verdade, a atitude do General Vandenberg era apenas o reflexo da "situação UFO" nas esferas oficiais, alarmadas com a confirmação a realidade do fenômeno. Temia-se pânico por parte da população e tentava-se evitar a todo custo que se soubesse que os Estados Unidos, uma super potência, estavam fragilizados e incapacitados de fazer frente ao que os militares consideravam uma "nova ameaça". Dentro do próprio sistema de Informações da Força Aérea, diante os resultados iniciais do projeto Sign, existiam duas facções bem claras:
01 – Os que opinavam que os crescentes informes sobre avistamentos de UFOs tinham que ser levados a sério e, ainda, que poderia se tratar de uma intrusão extraterrestre.
02 – Os que opinavam que esses informes não eram dignos de quaisquer credibilidades, em virtude do avançado conhecimento da física que nos rodeia. A física era um conhecimento científico e responsável que levava à convicção de que esses informes eram simplesmente absurdos e improváveis.
O doutor Allen Hynek comenta em seu livro, "O Relatório Hynek" (Editora Portugália), que a postura de não aceitar o fenômeno UFO tomou força em sucessivos projetos até chegar a uma posição amplamente contrária à liveração de qualquer indício de sua realidade. Essa situação culminou com os resultados do Relatório Condon, que resolvia as pressões que a Força Aérea vinha sofrendo dos cidadãos americanos com relação ao fenômeno UFO. Esta atitude influiu notavelmente sobre os cientistas que se envolveram nas investigações oficiais do fenômeno – a tal ponto que o próprio Hynek confessa ter sempre procurado explicações naturais e humanas para cada um dos informes recebidos, inclusive naqueles que deixavam claro que havia algo muito incomum acontecendo.
Um exemplo dessa postura antiufológica é uma observação difundida pelo TIMES NEWS, de Twin Falls (Idaho), do dia 15 de agosto de 1947, que descrevia um avistamento de dois discos voadores se deslocando, a grande velocidade, e com um som semelhante a um eco de um motor. Hynek se perguntou se aquilo não seria possível de ser explicado pela presença de um turbilhão atmosférico deslocando-se com rapidez. E as Forças Armadas concordaram imediatamente e desqualificaram o caso com esta explicação absurda – que, para desespero de Hynek, era apenas um comentário inocente e sem compromisso que tinha feito sem maiores investigações.
Hynek disse que nunca viu em nenhum livro algo que descreva um fenômeno tal qual as testemunhas tinham relatado. Mas não adiantou e a USAF (Força Aérea Americana) não voltou atrás – o que, vindo a se repetir outras vezes. Não é a toa que Hynek viria colaborar com os ufólogos civis posteriormente: ele viu que o objetivo dos trabalhos não era descobrir tudo o que fosse possível do fenômeno, mas desqualificá-lo totalmente e, algumas vezes, de forma claramente arbitrária.
Apesar de toda essa atmosfera negativa diante do estudo científico do fenômeno, o Projeto Sign catalogou 243 avistamentos americanos e 30 estrangeiros, servindo-se para isso de assessoria de diversos departamentos, tais como a Universidade Estadual de Ohio, a qual deveria identificar os fenômenos astrofísicos, o Rand Corporation, que iniciou um estudo especial para avaliar a possibilidade de que alguns objetos puderem ser naves espaciais ou satélites, e os serviços de alguns membros da Junta de Assessoramento Científico da USAF. Na verdade, tais instituições, soube-se depois, receberam instruções claras para aplicarem protocolo de sigilo aos casos a serem analisados. Seu esforço era para invalidar qualquer chance de se constatar que o fenômeno UFO fosse legítimo.
Também contavam com a participação do Laboratório Aeromédico (AMC), o qual deveria encarregar-se de analisar os informes, com o objetivo de determinar os possíveis erros de explicação pela mente humana e, também, a biblioteca do Departamento de Climatologia, que subministrou informação sobre os relâmpagos em bola ou globular.
Mas a verdadeira natureza do interesse das Forças Armadas ficava refletida num dos parágrafos de suas conclusões, que dizia textualmente: "A avaliação dos informes de objetos não identificados é uma atividade necessária das agências de informações militares. Tais observações são inevitáveis e, em tempo de guerra, as condições favorecem a rapidez de soluções naturais convincentes, que são necessárias para manter a moral do pessoal civil e militar. Com relação a este ponto, considera-se que o estabelecimento de procedimentos e o treinamento do pessoal representa um esforço válido e digno de ser realizado". A tal "rapidez para soluções naturais convincentes para manter a moral do pessoal civil e militar" demonstra que o assunto tinha que ser explicado em termos naturais rapidamente como uma estratégia militar, ao invés de uma real busca de esclarecimento sobre o fenômeno.
Da mesma forma fazia uma recomendação para que nenhum tipo de análise fosse realizado antes de que se tivesse feito a análise sob um estreito conceito "psicológico", em virtude de que o fator psíquico poderia explicar tais observações. Ou seja: transformemos as testemunhas imediatamente em pessoas "perturbadas" psicologicamente.
Apesar das falhas na avaliação das informações, frutos de pressões internas antiufológicas, o Projeto Sign chegou a conclusão que havia um número de avistamentos que só poderiam ser explicado satisfatoriamente se admitirmos que são objetos interplanetários desconhecidos. O relatório final, como já foi dito, foi levado até o Pentágono, em julho de 1948. No entanto, ele foi rejeitado pelo general Vandenberg, Chefe do Estado-Maior. O general Vandenberg destruiu o original e quase todas as cópias do relatório e não aceitou as suas conclusões.
O PROJETO GRUDGE
Com o Projeto Sign como antecedente e com uma certa disposição por parte da Força Aérea, em 11 de fevereiro de 1949, criou-se o Projeto Grudge (Rancor), dando seqüência ao Projeto Sign e cujo principal objetivo seria, nos meses da sua duração, o do descrédito do fenômeno UFO. Para este objetivo, o doutor Hynek seria contratado para tentar explicar a maior parte dos informes pelo ponto de vista astronômico. Após ter estudado 237 das melhores observações, os resultados foram claros:
01 – 32% dos casos tinham ou podiam ter uma explicação astronômica.
02 – 35% poderiam conter uma explicação não astronômica, como balões, sondas, aviões, foguetes, reflexos, etc.
03 – 13% não tinham explicação por falta e maiores detalhes que pudessem permitir identificação.
04 – 20% não tinham explicação e possuíam grandes evidências de que algo muito incomum e não identificado havia acontecido.
Em 27 de dezembro do mesmo ano, dez meses depois da sua criação, o Projeto Grudge foi dissolvido oficialmente. O Informe Técnico Nº 102-AC-49/15-100, com suas 600 páginas, deixava claro que, devido aos estudos de um grande número de casos, 20% deles tinham ficado sem explicação e se recomendava procurar uma explicação a todo custo, porque "... Discos Voadores simplesmente não existem". Embora outros departamentos, como o Serviço Meteorológico Nacional, confirmavam que nenhum dos informes era explicável pela manifestação de um raio, por exemplo, as últimas declarações asseguravam: "A Força Aérea anunciava que, depois de dois anos de investigações, pode afirmar que não existem discos voadores".
Apesar da manifestação da Força Aérea de que o fenômeno como tal não existia, novos avistamentos públicos foram sucedendo sem parar. Foram vários pilotos e pessoal técnico que tiveram a oportunidade de observar estranhos objetos voando e, boa parte das testemunhas, eram pessoas qualificadas e treinadas para observações aéreas. Com o agravamento da situação, a política de desinformação foi tomando corpo nos EUA. E como os UFOs apareciam também noutras partes do mundo, os diplomatas e militares norte-americanos trataram de acompanhar os casos no exterior, ora sugerindo, ora impondo que as autoridades das nações onde tais fatos aconteciam agissem de acordo com sua doutrina. Foi assim que países orientados politicamente com os EUA começaram a fazer parte do quadro internacional de acobertamento ao tema. Isso inclui o Brasil e países da América do Sul.


No fervor das circunstâncias, com UFOs sendo avistados em todo o planeta, e temendo os rumos da situação, o Major-General Charles P. Cabell, diretor do Serviço de Informação da Aviação Militar, deu ordens oportunas para que se fizesse um novo estudo da questão UFO – trabalho que caiu nas costas do Capitão Ruppelt, que, após concluído, apresentou os resultados para o substituto do General Cabell, o General-Major Samford.
O PROJETO BLUE BOOK
Como resultado disso, foi criada uma agência especial para estudos dos UFOs, a qual começou a funcionar sob direção do capitão Ruppelt, chamada de Projeto Blue Book (Livro Azul). Ao longo da sua vida como projeto ativo, o Blue Book teria a oportunidade de analisar interessantes observações e muitos casos que podem ser considerados clássicos da ufologia. Claro, sempre mantendo uma postura cética e visando associar todos os fenômenos com causas naturais e humanas. Em muitos casos, as explicações oficiais oferecidas chegavam a ser uma atrocidade ao bom senso.
Só que os fatos e incidentes ufológicos superavam as explicações dos responsáveis da Força Aérea. Com o grave incidente de 1952, onde vários UFOs violaram o espaço aéreo de Washington, a CIA decidiu intervir mais diretamente nessa questão. A CIA lançou um programa de investigação: formou um grupo de cientistas renomados para que analisassem as provas que existiam sobre o fenômeno UFO. Esse programa, ou "painel", era formado por:
01 – Doutor H. C. Robertson, professor de física matemática do Instituto de Tecnologia da Califórnia (presidente da comissão – daí o nome "Painel Robertson").02 – Doutor Samuel A. Goudsmit, físico teórico e decano do departamento de Física dos Laboratórios Nacionais de Brookhaven.03 – Geofísico Lloyd V. Berkner, presidente da Associated Universities, Inc.04 – Doutor Luis W. Alvarez, físico especialista em partículas, ganhador do prêmio Nobel e professor dessa disciplina na Universidade de Berkley.05 – Doutor Thornton L. Page, astrônomo e mestre da Universidade John Hopkins.
Esta impressionante constelação de sábios reuniu-se durante dois dias apenas para examinar uma seleção de meia-dúzia de casos fornecidos pelo projeto Blue Book. Com esse número reduzido de casos, o Painel Robertson estabeleceu três tópicos como conclusão:
01 – Não existem provas de nenhuma ação hostil no fenômeno UFO.02 – Não existem provas sobre a existência de "aparelhos de uma potência estrangeira hostil em nenhum dos casos que foram analisados".03 – Recomenda-se um programa educativo para informar ao público sobre o caráter dos diversos fenômenos naturais vistos nos céus (meteoros, esteiras de vapor, halos, balões, etc), com o objetivo de eliminar o "status de mistério" que o fenômeno adquiriu.
Mas, a estas três recomendações, frutos de uma análise rápida, superficial e precipitada de cinco cientistas de indiscutível competência, foi acrescentado um quarto tópico secreto – a pedido dos representantes da CIA. Os representantes da CIA foram doutor H. Marshall Chadwell, Mr. Ralph L. Clark e Mr. Philip G. Strong. Além desses representantes da CIA, também estavam presentes na reunião que acabou estipulando um quarto tópico secreto brigadeiro Garland (chefe do ATIC), tenente Coronel F. C. Durant e doutor J. A. Hynek.
Este quarto tópico secreto, imposto pela CIA, exigia um sistemático descrédito aos "discos voadores". O objetivo deste descrédito consistia em reduzir o interesse do público pelo fenômeno.
A existência desta quarta cláusula do Painel Robertson foi descoberta pelo professor James E. McDonald, físico atmosférico da Universidade do Arizona, em Tucson. McDonald recebeu um convite do Secretário do Ar, Mr. Harold Brown, em 1968, para consultar os arquivos secretos do Blue Book. McDonald foi, sem hesitar, para reforçar sua opinião de que o fenômeno UFO não passava de fenômenos meteorológicos mal interpretados. Depois de examinar detidamente os relatórios secretos, James E. McDonald não só mudou de opinião como virou um verdadeiro mártir da teoria extraterrestre – uma verdadeira "pedra no sapato" do programa de acobertamento ufológico.
Em suma, o grupo que formava o Painel Robertson não é o responsável pelo descrédito que foi amplamente adotado pelo governo americano, mas a CIA que, por pressão, armou toda a situação e introduziu o quarto tópico secreto ao Painel Robertson. Os cientistas que faziam parte desse grupo estavam convencidos de verdade que o fenômeno UFO era meros fenômenos naturais erradamente divulgados e interpretados. Foi uma análise rápida e superficial de meia-dúzia de arquivos do Blue Book, provavelmente escolhidos "a dedo" por quem buscava acobertar o fenômeno da opinião pública. A conclusão do Painel Robertson foi provavelmente correta diante do que lhes foi colocado em mãos.
As conclusões negativas da Comissão com relação a veracidade do fenômeno era tudo que a Força Aérea queria e deu força para as explicações do Blue Book que, em muitos casos, chegava ser uma atrocidade ao bom senso. Apesar disso, recomendaram a continuação das investigações do Blue Book, com o objetivo de obter mais informações que permitiria uma melhor avaliação dos fatos.
As investigações continuaram durante anos. Em março de 1966, a Junta Consultora da USAF lançou um informe especial do Comitê para uma revisão do Projeto Blue Book. Tal comitê considerou tudo quanto se tinha dito anteriormente pelos diferentes projetos, incluindo as determinações do Painel Robertson, de janeiro de 1953, o que lhe levou a determinar que, depois de dezenove anos de presença, os UFOs não existiam. É interessante notar que o próprio comitê detectou uma certa limitação no Blue Book: "É opinião do Comitê que o atual programa da Força Aérea que trata das observações de UFOs esteve bem organizado, embora os recursos que lhe designaram (um oficial, um sargento e um secretário) foram muito limitados".
Foi feito um levantamento dos resultados obtidos pelo Blue Book, em dezembro de 1952, no qual correspondiam ao 1021 casos recebidos até então. O resultado foi:
18,51% – Balões11,76% – Aviões14,20% – Corpos Astronômicos04,21% – Outros06,84% – Radar (Sem explicação)01,66% – Armadilhas (fraudes intencionais)22,72% – Dados insuficientes20,10% – Desconhecidos
O RELATÓRIO CONDON
O Projeto Blue Book deu continuidade aos trabalhos de investigações com a assessoria científica do doutor Hynek. No entanto, até aquele momento, o fenômeno UFO não tinha tido realmente um tratamento adequado. O doutor Hynek, que já demonstrava certa rebeldia, comentava com freqüência em pequenos círculos que a questão dos UFOs era motivo de brincadeiras, porque os cientistas que lidavam com o assunto não prestavam atenção de fato aos dados obtidos. Essa condição política de "não seriedade" no tratamento do fenômeno culminava em explicações sem quaisquer critérios e, em muitos casos, eram frágeis, insustentáveis e até atrozes. Obviamente que essa postura era reflexo da USAF, empregadora de tais cientistas, que iria de qualquer modo desmoralizar os casos considerados, mesmo se dados como legítimos.
O deboche era tão grande e a engrenagem da política de acobertamento tão evidente, já com tentáculos no exterior, que a mídia chegava a ironizar o trabalho do Projeto Blue Book, com declarações como: "Para cada 200 avistamentos de UFOs, a USAF tinha 201 explicações" – um reflexo da pouca credibilidade nos trabalhos do Blue Book. Diante dessa situação, a Força Aérea resolveu contratar uma comissão independente e civil para analisar os resultados obtidos até então pelo Blue Book. Era a resposta óbvia diante da falta de credibilidade que os projetos oficiais tinham para os cidadãos americanos e do mundo inteiro. Assim, foi feito um contrato com a Universidade do Colorado, no qual foi doado cerca de 313.000 dólares, e que caberia ao doutor Edward U. Condon, por dezoito meses, realizar um estudo acurado do material obtido no Projeto Blue Book.
Lamentavelmente, a esperança de uma investigação imparcial por parte da comunidade científica iria converter-se em desilusão, já que o seio do Relatório Condon (como acabou sendo chamado) seguiria o mesmo contexto político de "não seriedade" para os dados. E isso ficou bastante evidente pelo fato do Relatório Condon apresentar, nos seus resultados finais, somente os casos facilmente explicáveis como fenômenos naturais, ignorando justamente aqueles casos que são inexplicáveis e fornecem fortes indícios da realidade do fenômeno UFO.
A verdadeira medida do espírito que animou esta comissão da Universidade do Colorado ficou bem refletida na afirmação que Robert L. Low deu, em 09 de agosto de 1966: "A fraude seria, na minha opinião, descrever o projeto de forma que, para o público, aparecesse um estudo totalmente objetivo, enquanto que, diante a comunidade científica, apresenta-se a imagem de um grupo de descrentes fazendo o possível por serem objetivos, mas tendo quase nenhuma esperança de encontrar um disco voador". O fato é que a comissão da Universidade do Colorado não escondeu, desde o início de seus trabalhos, a completa descrença com o fenômeno. E isso comprometeu imediatamente os estudos, já que era óbvio que não seria tolerado qualquer direcionamento para a realidade do fenômeno como uma possível presença extraterrestre.
Os resultados finais da equipe de trabalho da Universidade do Colorado foram objetos de notícias na imprensa diariamente. Como norma geral, os resultados foram divulgados publicamente em diferentes notas de diversos jornais, sob títulos como: "A CONCLUSÃO FINAL SOBRE A QUESTÃO DOS UFOS NOS ESTADOS UNIDOS – A Força Aérea conclui que não há fenômenos extraterrestres". Os resultados do Relatório Condon eram tudo o que a USAF precisava para pôr um fim definitivo nas investigações oficiais públicas do fenômeno UFO: "Quarta-feira, o secretário da Força Aérea norte-americana, Robert Seamans, anunciou o fechamento do Blue Book, porque não existiam provas que justificassem sua prolongação, nem em interesse da ciência nem em razão da segurança nacional" (revista "La Vanguardia", de 21 de dezembro de 1969).
Segundo um memorando da Força Aérea norte-americana, "os fenômenos são apenas produtos da imaginação ou fenômenos atmosféricos e outros tipos de aparelhos terrestres confundidos". Seamans comunicou que o Blue Book tinha estudado um total de 12.618 casos e que só 701 podiam ser considerados desconhecidos. Ou seja: o Blue Book, com todo o seu ceticismo, não conseguiu invalidar 701 casos. Mas mesmo assim a posição oficial foi de negação! Paradoxalmente, 1968 e 1969 foram dois anos de grande atividade ufológica em escala mundial... Talvez esqueceram de avisar para os UFOs que cientistas renomados da maior potencia mundial afirmaram categoricamente que eles não existem!
De qualquer forma, estava sepultado o assunto nas esferas oficiais, pelo menos temporariamente. Ponto para a política de acobertamento, já plenamente efetiva nos EUA e em boa parte do mundo. Junto do Blue Book estavam também enterradas as chances de surgir outro projeto oficial de pesquisa do fenômeno UFO. Agora, o assunto seria tratado sempre – e somente – sigilosamente.


Em suma, basicamente a política oficial norte-americana é de negação total do fenômeno UFO em caráter público. E esse procedimento foi importado por todos os países, principalmente os aliados após o término da Segunda Grande Guerra. Enquanto vitoriosos da guerra, os Estados Unidos passaram a ser a referência máxima mundial, inclusive para o Brasil.
O Brasil também teve projetos oficiais de pesquisas ufológicas. Já 1952, o coronel-aviador João Adil de Oliveira fora para os EUA receber instruções militares sobre o assunto de seus colegas. De volta ao Brasil, passou a fazer diversas conferências para os militares sobre a questão UFO. Na época ele era chefe do Serviço de Informações do Estado Maior da Aeronáutica. Num momento único e sem precedentes, 1954, o coronel-aviador reuniu vários militares e a imprensa no Auditório da Escola Técnica do Exército, no Rio de Janeiro, e discursou sobre o fenômeno UFO de forma aberta e em caráter oficial. Simplesmente, por alguma razão, Oliveira não trouxe consigo, dos EUA, o ranço de acobertamento que imperava naquele país.
Mas somente em 1969 foi criado o primeiro projeto de pesquisas ufológicas: SIOANI – Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados – no 4º Comando Aéreo Regional (COMAR), na Praça Prof. Oswaldo de Vincenzo, nº 200, no bairro do Cambuci (SP). Quem comandava o SIOANI era o major brigadeiro José Vaz da Silva, que na época era comandante do 4° COMAR.
O SIOANI passou a investigar muitos casos ufológicos ocorridos naquela época e era formado por militares e civis que se encontravam espalhados em diversas bases aéreas e aeroportos. Foi uma iniciativa única onde havia uma colaboração mútua entre pesquisadores militares e civis, que também podiam participar das reuniões – situação similar ao que ocorre hoje no Chile. Esse é um dado interessantíssimo, já que estávamos em plena época de ditadura militar. O SIOANI chegou a emitir boletins informativos restritos, sendo que posteriormente dois foram tornados públicos pelo editor Ademar José Gevaerd, em várias edições da Revista UFO.
O primeiro boletim, de março de 1969, explicitava o estatuto e as diretrizes do organismo. Já no segundo boletim, de agosto de 1969, estava registrado a descrição de 58 casos ufológicos ocorridos no nosso país. Nesses documentos estão casos ufológicos de grande envergadura, registrado pelos militares. Alguns, inclusive, de naves pousadas e com a presença de supostos tripulantes.
Em 1972, as atividades do SIOANI foram encerradas. Não se sabe a razão do encerramento, mas é possível que ocorreu com a mudança do governo no Brasil. Como sempre ocorre, cada novo governo que assume acaba promovendo mudanças estruturais drásticas em diversas áreas. E essas mudanças podem ser a razão da não continuidade do SIOANI. Outras hipóteses levantadas que também podem ter gerado a extinção da organização é o desinteresse do próprio COMAR na continuidade, bem como pode ter havido pressão externa para a sua eliminação. De qualquer forma, o engenheiro Claudeir Covo, presidente do INFA, esteve no COMAR posteriormente com o ufólogo Osmar de Freitas, presidente do GEONI, e obteve a informação que realmente o SIOANI foi desativado e que todo o material produzido pelo organismo foi enviado para o alto comando em Brasília.
O próximo projeto oficial brasileiro de pesquisas ufológicas que se tem notícia é a Operação Prato. Em 1977 ocorreu uma onda ufológica sem precedentes na região Amazônica, atingindo principalmente as pequenas comunidades litorâneas e rurais. Tratava-se do fenômeno que ficou vulgarmente conhecido como Chupa-Chupa: objetos aéreos desconhecidos que perseguiam os moradores locais e atingia-os com potentes feixes de luz. Para os moradores locais, esses objetos sugavam o sangue quando atingiam as pessoas com seus feixes luminosos.
A situação foi tão contundente que começou a afetar a economia local, pois os pescadores não tinham mais condições de exercer sua atividade por causa dos ataques do "Chupa-Chupa". Com a população alarmada, o prefeito de Colares, uma ilha do município de Vigia, litoral do Pará, acabou sendo obrigado a enviar um ofício para o COMAR. No ofício, o prefeito descrevia que a situação estava fora de controle e toda a população se encontrava em estado de histeria. De fato, os moradores não dormiam mais a noite por causa do fenômeno. As pessoas se reuniam em volta de fogueiras para soltar fogos de artifícios para tentar afugentar os UFOs.
Com isso, o chefe da Segunda Seção do COMAR, coronel Camilo Ferraz de Barros, designou o então capitão Uyrangê Bolivar Soares Nogueira de Hollanda Lima para o comando de uma operação oficial a fim de investigar o fenômeno. Nomeada de "Operação Prato" pelo capitão Uyrangê, a operação correspondeu basicamente no deslocamento de uma força-tarefa aos locais de incidência do fenômeno a fim de documentar toda a situação. Vale ressaltar que toda a Operação Prato foi realizada em caráter secreto e só se tornou público por Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima que, após dar baixa no serviço militar, deu uma entrevista histórica para o Editor da revista UFO, Ademar José Gevaerd, e para o co-editor Marco Petit. Esse quadro parece ser uma constante no Brasil, tal qual é feito nos Estados Unidos: publicamente o fenômeno UFO é ignorado totalmente, mas secretamente é alvo de pesquisa e documentação oficial.
Conforme as declarações de Uyrangê, a Operação Prato produziu inúmeros relatórios descrevendo vários incidentes com o fenômeno, centenas de fotos de UFOs e, ainda, vários registros em filme, num total de mais de 16 horas. Mas todo o material, após o encerramento da operação, foi sumariamente enviado pelo COMAR para o então Núcleo do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Nucomdabra), precursor do atual Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra). No entanto, quatro meses após o início a Operação Prato foi finalizada. O resultado e os desmembramentos da operação não são conhecidos, pois Uyrangê era apenas um capitão e não participava das decisões do alto comando em Brasília. De qualquer forma, sua atuação foi primordial para acalmar os ânimos da população diante do fenômeno UFO.
Depois da Operação Prato, não temos mais notícia de projetos oficiais específicos para investigar o fenômeno UFO, mas sabemos que todos os casos ufológicos são enviados para o Comando de Defesa Aéreo Espacial Brasileira (Comdabra), que é o centro nervoso das operações de defesa da soberania aérea do Brasil.
Em seu programa "Circuito Night And Day", na Rede TV, exibido no dia 19 de janeiro de 2002, o apresentador e deputado federal Celso Russomano entrevistou o Major Brigadeiro José Carlos Pereira, na época comandante do COMDABRA. No excelente programa, Russomano mostrou as instalações do COMDABRA e quais são os procedimentos realizados nas diversas ações de vigilância e interceptação de vôos não autorizados ou não identificados coordenados pelas forças militares.
Num dado momento, Russomano acabou levantando a questão UFO para o Major Brigadeiro José Carlos Pereira. Hesitando inicialmente, o Major Brigadeiro acabou confirmando que o COMDABRA é responsável por todos assuntos envolvendo o espaço aéreo brasileiro, inclusive os casos de UFOs – os quais tem um formulário padrão para ser documentado. Chamado de "Tráfego Hotel" pelos militares, Russomano acabou conseguindo fazer o Major Brigadeiro mostrar um grande volume encadernado onde estariam registrados os casos ufológicos de 2001. Eram mais de noventa casos, sendo que o Major Brigadeiro só exigiu que o conteúdo não fosse aberto diante das câmeras, pois eram documentos secretos militares.
Mas Claudeir Covo, presidente do INFA, alerta que o COMDABRA é apenas uma espécie de depósito oficial de casos ufológicos, pois tudo indica que nenhum dos casos é alvo de alguma investigação. E esse quadro se deve basicamente a situação econômica do Brasil. Com toda a máquina militar sucatada por falta de verbas públicas, os militares não têm condições de destinar parte de seu orçamento anual para a investigação oficial dos casos ufológicos que documenta. Mas é um fato: a Força Aérea documenta com formulário próprio padrão todos os casos ufológicos que ocorrem no espaço aéreo brasileiro, demonstrando que a presença UFO é literalmente alvo de atenção oficial, porém em caráter secreto! Qualquer semelhança com os Estados Unidos pode não ser mera coincidência...
E não deve ser mesmo! A comunidade ufológica brasileira tem conhecimento de dois casos ocorridos no Brasil em que os Estados Unidos foram acionados. Um caso aconteceu na noite do dia 04 de novembro de 1957, no Forte Itaipú, em São Vicente, litoral Sul de São Paulo. Dois sentinelas sofreram queimaduras graves provenientes de um UFO que teria se posicionado entre eles a pouca altura. Na época, as altas autoridades brasileiras pediram auxilio à Embaixada norte-americana em suas investigações. Rapidamente, os Estados Unidos enviaram pesquisadores que auxiliaram os oficiais do Exército brasileiro na operação de apuração dos fatos.
Outro caso em que ficou evidente a presença dos Estados Unidos foi o famoso Caso Varginha. Antes do dia 20 de janeiro de 1996, muitas pessoas avistaram diversas luzes estranhas no céu do sul de Minas. E militares brasileiros informaram os pesquisadores do caos, em caráter sigiloso, que militares norte-americanos estavam rastreando esses UFOs através de satélites. O fato é que tudo indica que os americanos acompanharam e participaram, direta ou indiretamente, de todas as operações de rastreamento, resgate, captura e acobertamento dos fatos. O incidente de Varginha fez com que até o Secretário de Estado americano do governo Clinton, Warren Christopher, e o administrador geral da Agência Espacial dos Estados Unidos (NASA), Daniel Goldin, viessem ao Brasil nos meses seguintes. Provavelmente oficializar acordos beneficiando o Brasil, que permitiu que os Estados Unidos se envolvessem diretamente nesse caso ufológico de suma importância.
Está mais do que na hora de nos questionar e convidar nossas autoridades brasileiras a se questionarem se o tratamento oficial atual para a questão UFO continua sendo a melhor forma do governo brasileiro agir. Inclusive se atende realmente aos interesses do nosso país.


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